CAIRO, 28 Jan (Reuters) - O presidente do Egito,
Mohamed Mursi, decretou estado de emergência durante um mês em três
cidades do canal de Suez, onde dezenas de pessoas foram mortas em
protestos que varreram o país e agravaram a crise política que acua o
líder islâmico. Centenas de manifestantes em Port Said, Suez e Ismailia
se voltaram contra a decisão depois de ouvirem o anúncio de Mursi na
noite de domingo, em reação a incidentes que deixaram 49 mortos desde a
semana passada. A situação é mais grave em Port Said, onde 40 pessoas
morreram em dois dias. Os distúrbios foram desencadeados no sábado pela
condenação à morte de várias pessoas da cidade por ligação com um letal
tumulto num estádio de futebol no ano passado. No domingo, participantes
de funerais na cidade, onde armas são comuns, voltaram sua ira contra
Mursi. A violência nas cidades egípcias já chega ao quinto
dia. A polícia voltou a usar gás lacrimogêneo contra dezenas de jovens
que atiravam pedras na manhã de segunda-feira na praça Tahrir, no Cairo,
onde há semanas estão acampados manifestantes que acusam Mursi de trair
a revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak, há dois anos. "Queremos derrubar o regime e acabar com o Estado que é
gerido pela Irmandade Muçulmana", disse o cozinheiro Ibrahim Eissa, de
26 anos, que protegia o rosto do gás lacrimogêneo que pairava na praça
Tahrir, epicentro da revolta de 2011. Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, prometeu
"confrontar qualquer ameaça à segurança com força e firmeza, dentro do
que permite a lei". Num apelo aos oponentes laicos e liberais, ele convocou
um diálogo nacional para segunda-feira às 18h (14h em Brasília),
incluindo também aliados islâmicos. A Frente de Salvação Nacional, principal grupo de
oposição, disse que vai se reunir na segunda-feira para discutir a
oferta. Mas alguns opositores já sinalizaram que não esperam muito da
reunião, que pode ficar esvaziada. "A não ser que o presidente assuma a responsabilidade
pelos incidentes sangrentos e prometa formar um governo de salvação
nacional e uma comissão equilibrada para emendar a Constituição,
qualquer diálogo será perda de tempo", escreveu no Twitter o influente
político liberal Mohamed el Baradei. Ativistas nas três cidades atingidas pelo estado de
emergência prometeram desafiar o toque de recolher a ser imposto
diariamente das 21h às 6h. Alguns grupos de oposição também convocaram
mais protestos para a segunda-feira. Críticos dizem que a decretação de emergência é um
retrocesso para o Egito, que passou os 30 anos do regime de Mubarak sob
um estado de exceção que permitia a repressão a grupos islâmicos de
oposição, inclusive a Irmandade Muçulmana. Fonte: yahoo
28-01-2013
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