O primeiro-ministro islamita da Tunísia, Ali Larayedh, anunciou hoje a sua demissão, como previa um acordo assinado com a oposição para resolver a crise política, numa altura em que o país atravessa nova instabilidade. Como me tinha comprometido a fazer, (...) venho apresentar a demissão do governo, disse Ali Larayedh, do partido islamita Ennadha, numa conferência de imprensa. O presidente encarregou-me de continuar a supervisionar os assuntos correntes até à formação do novo governo», acrescentou. Larayedh, que foi perseguido e torturado durante a ditadura de Ben Ali, deposto há três anos, pertence ao partido islamita Ennadha, vencedor das primeiras eleições democráticas do país, em outubro de 2011. A sua demissão estava prevista num acordo assinado entre o governo e os partidos da oposição para pôr fim à contestação governamental surgida depois do assassínio, em julho, do deputado da oposição Mohamed Brahmi, atribuído a um movimento islamita. Ao abrigo desse acordo, Larayedh deve ser substituído no prazo de 15 dias pelo primeiro-ministro designado Mehdi Jomaa, ministro da Indústria cessante, que presidirá a um governo de tecnocratas e convocará eleições antecipadas para este ano, sob a nova Constituição. Jomaa terá duas semanas para formar a sua equipa, após o que terá de ser aprovado pela Assembleia Constituinte. «Assumimos as nossas responsabilidades em condições muito difíceis», disse Larayedh num discurso transmitido na televisão estatal pouco antes de entregar o pedido de demissão ao presidente, Moncef Marzuki. «Trabalhámos pelo bem do país e respeitámos os nossos compromissos», acrescentou. A formação, na quarta-feira, de uma autoridade eleitoral independente, uma das condições do Ennadha para deixar o poder, afastou o último obstáculo à demissão de Larayedh, segundo a poderosa confederação sindical UGTT, principal mediador do acordo. A aprovação da nova Constituição, outra das condições do Ennadha, deverá ocorrer até à data prevista, 14 de janeiro, dia do terceiro aniversário da revolta popular que afastou Ben Ali. A demissão do primeiro-ministro tunisino ocorre numa altura em que a Tunísia atravessa uma nova fase de conflitos sociais, marcada por incidentes violentos, em reacção ao anúncio de novos impostos. No discurso de hoje, Larayedh anunciou a suspensão de uma série de novas taxas sobre os transportes, na origem de confrontos entre manifestantes e a polícia em cidades do interior do país. «Para não dar hipóteses ao terrorismo e aos grupos criminosos, e depois de concertação com os ministros, decidimos suspender a aplicação das taxas relativas aos transportes privados, mercadorias, pessoas e produtos agrícolas», disse. Fonte: Diário Digital
09-01-2014
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