Executivo ligado à Fifa é preso acusado de chefiar esquema de venda ilegal de ingressos da Copa


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Raymond Whelan é um dos diretores da Match, empresa sócia da Fifa que tem direitos exclusivos sobre a venda de entradas


A Polícia Civil prendeu, às 15h40 desta segunda-feira, no luxuoso hotel Copacabana Palace, sede da Fifa no Rio, o homem suspeito de ser o principal fornecedor de ingressos para o esquema milionário de venda de entradas da Copa - desarticulado pela operação Jules Rimet. Raymond Whelan é um dos diretores da Match, empresa sócia da Fifa que tem direitos exclusivos sobre a venda de pacotes para o Mundial.

A reportagem, que acompanhou a operação no hotel, revelou, com exclusividade, a prisão. Ainda em seu quarto, Whelan afirmou jamais ter conversado com Lamine Fofana, o franco-argelino preso na semana passada e apontado como líder do esquema. Segundo o delegado Fábio Barucke, há mais de 900 registros de ligações ou mensagens telefônicas entre Whelan e Fofana interceptados desde 20 de junho.

Ligada ao sobrinho do presidente da Fifa, Phillip Blatter, a Match tem contrato com a Federação até 2023. Dentro da companhia, onde também trabalham seus dois filhos, Whelan é um dos executivos mais conhecidos e importantes. A operação representa o maior revés à Fifa durante uma Copa do Mundo. A iniciativa pegou a entidade de surpresa e ocorre justamente quando a Federação se prepara para a semana mais importante do Mundial e às vésperas da chegada de vários chefes de Estado.

A entidade quer blindar a Copa. Além de isolar o caso, a Fifa adotou a estratégia de passar a menor quantidade de informação possível à imprensa. A tática é não contaminar o Mundial. A reportagem apurou que, imediatamente após a prisão, a cúpula da Federação organizou uma reunião de emergência.


O inglês Raymond Whelan, de 64 anos, será indiciado por dois crimes: associação criminosa e, com base no artigo 41-G do Estatuto do Torcedor, "fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete". "Ele é o principal fornecedor da quadrilha de Fofana", disse um dos inspetores que participaram da prisão do CEO da Match.

Apesar de ter sido preso na operação Jules Rimet, Whelan - por ser considerado o fornecedor - não será indiciado pelos mesmos crimes que os demais integrantes da quadrilha (atuação como cambistas, com associação criminosa e lavagem de dinheiro). Ainda assim, segundo o delegado Barucke, a associação criminosa se configurou pela ajuda que o suspeito deu ao grupo. Ele pode prestar depoimento nesta terça-feira. As investigações continuam e outros sete integrantes da quadrilha estão sendo investigados

GRAVAÇÃO
 
A polícia pediu ao Copacabana Palace as gravações das câmeras de vídeo do circuito interno do hotel. Lá dentro, onde está reunida a cúpula da Fifa, aconteciam muitas das transações entre Whelan e Lamine Fofana. O inglês teve contra ele prisão temporária decretada por cinco dias, renováveis por mais cinco, quando a polícia e o MP podem solicitar à Justiça a prisão preventiva.

Com Whelan foram apreendidos mais de 100 ingressos para jogos do Mundial, muitos de camarote. Ainda que não seja um funcionário da Fifa, ele atuava em nome da entidade na organização de pacotes e até do credenciamento de hotéis para a Copa. A Match é ainda controlada pela Infront, companhia que tem como acionista Phillip Blatter, sobrinho do presidente da Fifa, Joseph Blatter

O suspeito praticamente se mudou para o Brasil em 2011 - seus filhos, segundo a polícia, moram na Barra da Tijuca, no Rio - e percorria o País na condição de diretor executivo da Match Services. Além de CEO da Match, Raymond Whelan era, ainda, cunhado dos donos da empresa, os irmãos Byrom.

Fonte: gazetaonline 08-07-2014
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