Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
O protesto marcado pelo Facebook tinha
mais de 8 mil pessoas confirmadas, mas só seis mulheres tiveram coragem
de exibir os seios na manhã deste sábado (21), na Praia de Ipanema, na
altura do Posto 9. O evento batizado de toplessaço foi organizado contra
a repressão a uma atriz, no dia 14 de novembro, que posava para fotos
de divulgação de uma peça, no Arpoador, quando foi abordada por
policiais militares e obrigada a se cobrir. Apesar do pouco número de participantes,
o toplessaço atraiu um grande número de curiosos e de profissionais de
imprensa e serviu para despertar a discussão sobre o tema. A argentina
Natália Lorenzo, que mora no Brasil há dez anos, se surpreendeu com a
curiosidade das pessoas. “Acho que a repressão ainda é grande,
por isso nós mulheres temos que vir fazer estas coisas. Na Argentina
também é proibido, o que é ridículo. Isto aqui é uma manifestação, não é
uma promoção, não estou aqui para me mostrar”, disse Natália, que
pintou nas costas a frase “Este corpo é meu”. A pensionista Olga Solon, de 73 anos,
que atualmente mora em Portugal, decidiu apoiar o protesto, mostrando os
seios. “Eu sou adepta de tudo, de topless, de praia de nudismo. O corpo não tem nada de mais. O Posto 9 sempre foi o reduto do topless. Eu moro na Europa e lá isso é perfeitamente normal”, disse Olga. A estudante Carolina Jovino compareceu
ao protesto e pintou em seu abdômen a frase com a pergunta “Liberdade
ofende?”. “É o meu corpo e eu tenho total liberdade de mostrar. Eu não
tenho por que esconder uma parte do corpo. Sinceramente, eu não sei por
que isso ainda choca as pessoas. Queria que me dissessem por que o meu
peito é mais obsceno que o peito de um homem?”, questionou Carolina, que
cursa ciências sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). A comerciante Aparecida Gadelha foi uma
das primeiras e retirar a parte de cima do biquíni. Ela fez questão de
ressaltar que se tratava de um ato político e que as mulheres não estava
se exibindo. “Nós não estamos aqui para aparecer. Você não aparece na
Marquês de Sapucaí quase pelada [no carnaval]? Por que não podemos ficar
de topless?”, questionou Aparecida. Para a cineasta Ana Paula Nogueira, o
protesto era uma forma de elevar o Rio ao que já acontece em outras
partes do mundo. “Temos que tornar o Rio uma cidade mais cosmopolita,
mais moderna. Vamos sediar as Olimpíadas e temos que ser como as outras
cidades são no mundo. Por que não ser uma cidade moderna em termos de
atitude?”, perguntou. la considerou que a baixa adesão ao
protesto foi motivada pela repercussão negativa na rede social: “A
agressividade dos homens e de algumas mulheres no Facebook foi uma coisa
absurda. Mas esse assédio vai passar como já passou em outros lugares.
Daqui a pouco, vai ser uma coisa natural”, disse Ana Paula, cercada por
dezenas de fotógrafos, cinegrafistas e muitos curiosos, que insistiam em
tirar fotos com celulares. Alguns homens também decidiram
participar do protesto e compareceram usando a parte de cima do biquíni,
como forma de chamar a atenção para o assunto. “Eu acho que o ponto que
as mulheres querem protestar é pela atitude não só dos homens, mas
também de outras mulheres, em torno do corpo feminino. É isso que se
quer desmistificar. Não há só uma violência física, mas também uma
violência moral contra a mulher”, disse Renan Elias de Oliveira Carlo,
estudante de química no Instituto Federal do Rio de Janeiro. O protesto
ocorreu de forma pacífica e os policiais militares apenas ficaram
observando de longe, sem intervir. Fonte: Agência Brasil
22-12-2013
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