República Centro-Africana: Crianças foram os ''alvos deliberados'' nos confrontos de sábado


 
As crianças foram os "alvos deliberados" nos confrontos registados no sábado em Bangui, na capital da República Centro-Africana, onde 30 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas, denunciou hoje a UNICEF.

Relatórios preliminares de organizações locais indicam que três adolescentes, com idades entre 16 e 17, "foram brutalmente assassinados, incluindo um que foi decapitado, enquanto pelo menos dois rapazes e duas raparigas, de 7 e 17 anos, foram feridos por tiros ou fragmentos de granadas num confronto brutal entre grupos armados no passado sábado.

"Nada pode justificar o ataque deliberado a crianças", disse o diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para África Ocidental e Central, Manuel Fontaine, referindo-se aos confrontos do fim de semana.

"Estes crimes hediondos contra rapazes e raparigas que estão cativos de fações perigosas devem parar e todos aqueles que o fazem devem ser responsabilizados", afirmou.

Hoje, a capital da República Centro-Africana voltou a registar confrontos quando manifestantes se deslocavam à Presidência para exigir a renúncia do presidente de transição, Catherine Samba Panza, disse uma fonte citada pela AFP.

De acordo com a agência francesa de notícias, os protestantes ergueram barricadas nas principais artérias da capital Bangui, acompanhada de saques, num clima de tensão que provocou pelo menos 30 mortos e uma centena de feridos.

A UNICEF apelou às partes para respeitarem as leis internacionais e deixarem de atacar civis e infraestruturas como escolas e hospitais.

A República Centro-Africana é palco de violência sectária que envolve os ex-rebeldes Séléka (maioritariamente da minoria muçulmana) e as milícias 'anti-balaka' (essencialmente cristãos, cuja religião é maioritária no país).

A UNICEF calcula que entre 6.000 e 10.000 crianças integram as fações armadas da República Centro-Africana, sendo utilizadas como combatentes, cozinheiros, estafetas e para fins sexuais.

Em 2014, aquela agência da ONU e os seus parceiros conseguiram libertar 2.800 crianças que serviam os grupos armados naquele país, que, no ano passado, registou em média a morte ou mutilação de uma criança por dia.

Nos primeiros seis meses deste ano, 26 crianças morreram em conflitos e 110 ficaram mutiladas, segundo estimavas da UNICEF, que está a trabalhar com parceiros locais para proteger as crianças da violência, fornecendo lugares seguros para a aprendizagem e apoio psicológico para os mais afetados.

Aquela agência humanitária está, no entanto, a negociar com os grupos armados para garantir a libertação de crianças e reintegrá-las em comunidades.

Recentemente, a organização lançou um apelo de 66 milhões de euros para auxílio humanitário naquele país, mas a crise na República Centro-Africana é das mais subfinanciadas do universo dos projetos de emergências que a UNICEF está tentar dar responder a nível mundial.

 
 
 
Fonte: Diário Digital/Lusa 28.09.2015
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