O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quarta-feira (20) a decretação de estado de emergência no país, durante três meses, "para proteger e fortalecer os valores democráticos".
O estado de emergência foi decretado cinco dias depois de um fracassado golpe de Estado que deixou cerca de 300 mortos e abriu uma onda de demissões por motivação política nas esferas privada e estatal, além de milhares de detenções.
Policiais, juízes e professores, tanto do setor público quanto do privado, foram afastados de seus postos de trabalho. Entre os detidos, além de militares, estão juízes, fiscais e civis, de um modo geral, segundo informa a imprensa turca.
As medidas adotadas por Erdogan alarmaram os principais líderes de Ocidente e a Organização das Nações Unidas (ONU), que pediu à Turquia para manter o respeito à legalidade e aos direitos humanos.
Nos dois últimos anos, o governo turco já havia determinado suspensões massivas na polícia, principalmente de supostos seguidores do clérigo conservador Fethullah Gülen, a quem Erdogan acusa de ter instigado a tentativa de golpe militar e, por isso, redobra os esforços pela extradição dele, que está exilado nos Estados Unidos.
Segundo levantamento feito pela agência de notícias EFE, até o momento, foram despedidos mais de 49 mil trabalhadores dos setores público e privado e 21 mil professores de escolas particulares; suspensos 15,2 mil professores e outros funcionários do setor educacional, que estão sendo investigados.
De acordo com o levantamento, há ordem de demissão para os 1.577 decanos de faculdades turcas, tanto públicas quanto privadas; 8,7 mil funcionários do Ministério do Interior, a maioria deles policiais e guardas, além de 11 generais e 61 coronéis; 1,5 mil servidores do Ministério das Finanças e 257 do gabinete do primeiro-ministro.
Cerca de 2,7 mil juízes e fiscais foram suspensos, entre os quais, cinco membros do Conselho Supremo de Juízes e Fiscais, órgão que decide as indicações para o Judiciário; um governador, 29 ex-governadores, além de 52 autoridades distritais e assessores judiciais, entre outros.
Nos dois últimos anos, o governo turco já havia determinado suspensões massivas na polícia, principalmente contra supostos seguidores do clérigo conservador Fethullah Gülen, a quem Erdogan acusa de ter instigado a tentativa de golpe militar e, por isso, redobra os esforços pela extradição de Gülen, que está exilado nos Estados Unidos.
O número de pessoas detidas, segundo o levantamento, chega a 8.660, dos quais 990 tiveram prisão preventiva decretada. Entre os detidos, estão 6 mil militares, 100 policiais, 755 juízes e fiscais, assim como 650 civis. Desses militares, 118 são generais.
O governo turco adotou ainda medidas excepcionais, como a proibição de viagens ao exterior para todos os empregados públicos, a não ser com permissão expressa de seus superiores; interrupção das férias e volta imediata dos funcionários aos postos de trabalhos; além da retirada da licença de 24 meios de comunicação por ordem do Conselho Supremo de Rádio e Televisão da Turquia.
Uma medida em estudo é a volta da pena de morte – a possibilidade foi admitida por Erdogan para os que participaram da tentativa de golpe de Estado. A pena de morte foi abolida pelo país em 2004 e não é aceita pela União Europeia, da qual a Turquia pretende fazer parte.
Fonte: agenciabrasil 21.07.2016
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