Afirmação de que o nome da mascote da Copa tem um significado pouco
nobre no Brasil causa confusão na mídia alemã. Alguns veículos chegaram a
retificar o que chamaram de "brincadeira de mau gosto" originada na
internet.
Uma definição pouco lisonjeira para o nome do mascote da Copa do Mundo
do Brasil causa confusão na imprensa alemã. Quase um ano e meio depois
do batismo do simpático tatu-bola, o diário alemão Die Welt, um
dos mais conhecidos da Alemanha, afirmou no final da semana passada que
Fuleco é sinônimo de "ânus" na "linguagem popular do Brasil". A notícia foi logo reproduzida em tom jocoso por alguns dos veículos mais lidos da Alemanha, como os sites do jornal popular Bild, do jornal Hamburger Morgenpost e do semanário Stern. O assunto atravessou fronteiras e foi destaque nas páginas dos diários austríacos Tiroler Tageszeitung e Österreich, para citar alguns. A mídia comentou em visível tom de escárnio o que seria uma "vergonha"
para a Fifa e, indiretamente, para a organização brasileira do
megaevento. Alguns dos textos eram acompanhados de fotos do tatu-bola
junto ao membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Ronaldo
Fenômeno. "Brincadeira de mau gosto" Na segunda-feira Bild e Hamburger Morgenpost voltaram
atrás, explicando que o "pobre Fuleco", cujo nome deriva, segundo a
Fifa, da junção de "futebol" a "ecologia", foi sido, na verdade, vítima
de um mal-entendido dos tempos da internet. De acordo com os dois periódicos, a associação anatômica com o nome do
bicho apareceu na rede mundial de computadores somente em data posterior
ao batismo do personagem, ocorrido em novembro de 2012. No que os veículos chamaram de "brincadeira de mau gosto", um internauta
teria postado um verbete no Dicionário Informal, portal que recebe
contribuições de qualquer usuário. Nele, são encontradas 54 definições
para "Fuleco". Algumas delas, muito engraçadas. Todas aparentemente
posteriores à data de batismo do personagem, a julgar pelo dia de
publicação registrado. "De lá, [essa notícia] se alastrou rapidamente, e na Alemanha quase
todos os veículos online reportaram sobre a suposta mancada envolvendo o
nome – nossa redação também caiu na falsa tradução", admitiu o Hamburger Morgenpost. "Um disparate" O premiado blog Bildblog, que aponta erros na imprensa alemã, criticou o que considera uma mancada não só do jornal Die Welt, mas de grande parte da mídia do país, que reproduziu a notícia sem analisar a veracidade da informação. "Vamos ser curtos: isso tudo é um disparate", conclui o blog. "Fuleco
não quer dizer 'ânus'. Até há pouco tempo, a palavra sequer fazia parte
da [língua portuguesa]", afirma, mencionando um comentário publicado na
internet pelo jornalista Dietmar Lang, alemão "radicado há anos no
Brasil" e que "nunca ouviu, nem de forma mais remota, que o nome Fuleco
possa ter uma conotação negativa". Lang também lembra que o suposto sinônimo escatológico do nome do personagem, ao qual o Die Welt
se refere, curiosamente jamais foi abordado na imprensa brasileira.
Isso, apesar dos vários veículos locais terem repercutindo o
descontentamento de alguns com o nome dado ao tatu-bola. Depois de alguns comentários críticos no próprio site do Die Welt,
de leitores (muitos deles brasileiros) acusando o veículo de errar, o
jornal publicou no mesmo local uma justificativa da autora do artigo que
deu início à confusão. Ela alega que o termo em questão remonta à
"linguagem dos escravos africanos no Brasil", procurando corroborar o
que afirma com uma explicação retirada da internet. Fonte: DW
01-4-2014
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