Oferecer às mulheres ferramentas para se
protegerem quando seus parceiros não usam a camisinha é fundamental para
combater a pandemia da Aids. Mulheres já representam metade dos 34,2
milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo. Na África, esse
número chega a 60%. Mas desenvolver os chamados microbicidas tem sido difícil. Pesquisas
anteriores encontraram um gel vaginal anti-Aids experimental que
oferecia uma proteção parcial, mas lembrar-se de usá-lo em cada ato
sexual seria um obstáculo para algumas mulheres. A nova tentativa: um anel vaginal que é inserido uma vez por mês e,
lentamente, espalha uma droga anti-Aids em todo o tecido ao redor dele. O
trabalho marca uma tentativa de “uma nova geração de ferramentas de
prevenção direcionadas às mulheres”, observou Carl Dieffenbach, do
Instituto Nacional de Saúde dos EUA, na terça (24) ao anunciar a nova
pesquisa na Conferência Internacional de Aids. "Nós precisamos de opções que se encaixam facilmente na vida das
mulheres", acrescentou Sharon Hillier, da Universidade de Pittsburgh e
da Rede de Testes de Microbidas, que está conduzindo o estudo financiado
pelo Instituto Nacional de Saúde. Desenvolvido pela organização sem fins lucrativos "Parceria
Internacional para os Microbicidas", o anel de silicone contém uma droga
anti-Aids chamada dapivirine. Ao contrário dos anéis vaginais vendidos
hoje nos EUA, o anel experimental não funciona como anticoncepcional.
Por enquanto, o foco está somente na prevenção do HIV. Estudos iniciais sugeriram que o anel poderia funcionar, e as mulheres
afirmaram que preferiam usá-lo em vez de um gel, informou Saidi Kapiga,
da Escola Londrina de Higiene e Medicina Tropical. Agora começam estudos
necessários mais abrangentes para testar se o anel realmente funciona. O estudo financiado pelo Instituto, chamado Aspire, vai envolver cerca
de 3.500 mulheres em Malawi, na África do Sul, Uganda, Zâmbia e
Zimbábue. Algumas vão receber ou um anel vaginal contendo dapivirine;
outras, um anel idêntico na aparência, mas livre de drogas, a ser
inserido uma vez por mês durante um ano. O objetivo é verificar se a utilização do anel reduz o risco das
mulheres se infectarem pelo HIV em pelo menos 60%. As primeiras mulheres
em Uganda foram inscritas na terça-feira, disse Hillier. Um estudo com um anel menor, envolvendo 1.650 mulheres, começou no mês
passado na África do Sul e pretende recrutar mulheres em Ruanda e
Malawi, também. "Esse tipo de proteção com base vaginal deve causar menos efeitos
colaterais que as pílulas, e estudos anteriores do anel não encontraram
problemas", contou a diretora-executiva da Parceria Internacional para
os Microbicidas. "Além disso, estudos em animais não mostraram nenhum
sinal de que o anel poderia prejudicar o feto caso a mulher tenha
engravidado ao usá-lo", acrescentou. Fonte: Uol
22-08-2012
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